quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus 2010, Feliz 2011!

   Prometi que faria uma retrospectiva para fechar bem o ano, mas a inspiração que me veio foi um pouco diferente...


   No fim de 2009, algo me dizia que 2010 seria O ano, o meu ano. Pra dizer a verdade, desde o fim de 2007 eu já tinha essa intuição de que 2010 seria mesmo um ano marcante. De fato foi. Particularmente, foi um ano de vitória, consegui o tão sonhado ingresso na universidade. E mesmo que tenha se passado apenas um ano, aprendi tantas coisas e ganhei tantas coisas que não é possível listar. 
   Esperei muito por esse ano e ele foi certamente muito diferente do que eu esperava. Devo dizer que bem mais difícil do que eu esperava, mas muito gratificante. No início, um pouco confuso, fui parar em um lugar que não era exatamente o que desejava, me senti até mal, parecia que eu estava sendo mal-agradecida, estava onde tantos gostariam e não tão animada quanto deveria. Mas não demorou muito para eu perceber que estava exatamente onde deveria estar. E não importa a dor de garganta, a dor de cabeça, a cólica, a chuva, o frio, a DP de Cálculo, toda vez que cruzo os portões da gloriosa e dou de cara com todo aquele verde, aquelas avenidas, as construções, simplesmente não tenho como não sorrir. Me sinto muito agradecida por isso.
   É engraçado como eu sempre tive intuições quanto aos anos, de algum modo sabia que 2008 e 2009 seriam muito difíceis e foram. Sabia que 2010 seria especial e foi. Quanto a 2011...não tenho a menor ideia, nem um palpitezinho, e, sinceramente, acho que isso não tem mais importância. Fico esperançosa ao pensar no futuro e desejo, do fundo do meu coração, que seja um ano de muito amor, para todos, pois será preciso e é a única coisa capaz de salvar esse mundo.


Até 2011!


Mesmo sem sentir, não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

  Gente, o Letras Atrapalhadas tá de casa nova! Tirarei o antigo do ar em breve, mas não se preocupem, as postagens antigas já estão no arquivo. É só vocês procurarem pelos marcadores, agrupei por meses pra facilitar, então se você quer reler um post que eu escrevi em janeiro de 2009 é só procurar pelo marcador janeiro2009 ! Simples, não?
  Em breve teremos uma retrospectiva diferente para fechar bem o ano!


Um beijão!
Postado em 24 de Dezembro de 2010



Gente, o blog está com uma carinha nova por causa do Natal (eu ADORO NATAL! Alegre), mas depois das festas de final de ano ele volta ao seu jeitinho de sempre. Falando em Natal, estou passando aqui justamente para desejar a todos um Feliz Natal, e começo com esse videozinho aqui, feito por uma agência publicitária portuguesa, sobre como seria o nascimento de Jesus na era digital:





Achei a mensagem do vídeo bem bonitinha e concordo muito com ela. Espero que nesse Natal, possamos lembrar desse sentimento que, no fim de tudo, é o único que importa, que possamos, ao lado de nossos familiares e amigos, resgatar o verdadeiro significado do Natal, o da união, estar juntos de quem amamos. Que possamos deixar de lado os maus sentimentos que, por algum motivo, estiveram conosco durante o ano e possamos preparar-nos para sermos pessoas melhores no novo ano, não como aquelas resoluções de ano novo que sempre colocamos em uma lista e nunca realizamos, mas como um compromisso conosco e com todos aqueles que nos cercam.
Um Feliz e Amoroso Natal para todos!

                                                                                

youPIX

Postado em 05 de Dezembro de 2010




  Depois de quase três tenebrosas semanas de muitos estudos e provas na faculdade, eis que consigo uma pequena pausa para falar de um evento muito legal que aconteceu aqui em São Paulo, no MIS, Museu da Imagem e do Som, de 23 a 26 de novembro, o youPIX. Estive lá apenas no primeiro dia, as provas não permitiram que eu fosse mais, mas com certeza já foi o suficiente para trazer um montão de questionamentos à cabeça que produz as coisas aleatórias que você vê aqui no Letras.
O primeiro debate, da noite e do evento, foi sobre a cultura digital e seu caráter global ou local. Sob a mediação de Bob Wolheim, Publisher da Six Pix Content, Pedro Dória (editor-chefe de Conteúdos Digitais do Grupo Estado), Cris Dias (Creative Technologist da JWT Brasil), Tiago Dória (jornalista e pesquisador de mídia) e Rene de Paula (profissional interativo da Locaweb) fizeram um debate interativo com Ethan Zuckerman, pesquisador do Berkman Center for Internet and Society da Universidade de Harvard, que recentemente deu uma palestra no TED em que usou o Trending Topic do ano "CALA BOCA GALVÃO" para falar da relação das pessoas com as novas mídias que constantemente surgem.
Ethan sugere que a maior barreira para que a cultura digital não seja necessariamente global é linguística, ao que os convidados não concordaram totalmente. Sugeriu-se que o que faz a cultura digital ser, em alguns casos, local é a maneira como as pessoas lidam com ela em diferentes lugares do mundo. Foi aí que eu comecei a pensar a respeito dessa relação. É possível encontrar formas diferentes de se relacionar com as novas mídias sem mesmo precisar ir muito longe, nos ambientes que frequentamos bastante, como trabalho e faculdade. Assim, acho que a cultura digital, mais do que local, pode ser chamada de individual, pois cada um que contribuiu para sua formação e transformação tem seu jeito particular de se relacionar com as mídias. Ao mesmo tempo, é uma cultura global, pois apesar das diferenças de relacionamento, é possível ter acesso a todo esse conteúdo. Talvez o local entre nesse ponto, nos lugares em que a internet é restrita e o acesso a essa cultura digital já não é tão ilimitado. Enfim, acho que esse assunto renderia horas de conversa entre muita água, cerveja e amendoinzinhos coloridos (quem esteve lá sabe do que estou falando). Bem humorado
O segundo debate da noite foi sobre o Universo Gay na Web, mas eu saí do auditório para twittar dos computadores que havia no lounge, com conexão Wi-Fi cedida pela Telefonica e acabei me distraindo...Muito feliz De qualquer forma, vi o David After Dentist (aquele menininho que fez praticamente uma reflexão filosófica da vida sob efeito de anestesia enquanto voltava do dentista com o pai, caiu no YouTube e virou um dos maiores memes da web atual) chegar de limusine ao evento (O.o) acompanhado da equipe do Fantástico, da Rede Globo (O.o²). O garoto participou logo mais de um talkshow comandado por Rosana Herrmann (editora do Querido Leitor e Gerente de Criação do R7) junto com seu pai, e falou sobre sua vida depois do fenômeno que se tornou o vídeo, além de seu pai ter falado do processo de criação de uma marca (David After Dentist) e como eles estavam ganhando em cima disso hoje em dia. Ao final do talkshow, foram distribuídos adesivos da marca, cuja foto esta aqui embaixo:


  Novamente fiquei eu a pensar sobre a complexidade da relação das pessoas com as novas mídias sociais. Qualquer conteúdo que de alguma forma chame a atenção pode virar um hit de grande sucesso que, se analisado a fundo, não teria uma razão concreta para ser algo de sucesso. Há uma espécie de mudança de valores hoje em dia, em que algo que pareça bizarro ou engraçado, faz sucesso por isso, e não por necessariamente ter um bom conteúdo.
Por último, gostaria de contar a sensação estranhíssima que eu tive ao encontrar a Rosana Herrmann lá. Seguidora sua no twitter que sou, já ia toda feliz e pimpona falar com ela, como se fosse a pessoa mais íntima do mundo. No meio do caminho parei e fiquei pensando em como a web tem esse poder, de aproximar as pessoas que não são de um mesmo convívio, a ponto de parecer que elas se veem todos os dias, o que nem sempre é uma realidade.
Enfim, acho que foi um dia bastante produtivo e tenho certeza de que os outros também foram! Sendo assim, aguardamos ansiosamente a próxima edição do evento wébico mais divertido do Brasil, que acontecerá em janeiro, na Campus Party Brasil 2011. Nos vemos lá!!

Ipê Roxo

Postado em 05 de Novembro de 2010



   Hoje foi um caos. Me atrasei pra ir pra faculdade, peguei o ônibus cheio, fui em pé, tava calor demais. Muito Sol batendo no meu rosto e eu sem óculos escuros. Me espremi em um cantinho e fiquei ali, viajando mentalmente, tentando fugir da realidade, e naquele balanço, tudo em que eu pensava era o picolé que tomaria depois do jantar e a maçante aula de Química Analítica que teria logo mais.
   Mas de repente ele apareceu. Lindo, resplandecente, e numa visão tão breve que demorei alguns segundos para assimilar se sua presença fora de fato realidade naquele curto espaço de tempo. Ipê roxo. Acho que não via um tão vigoroso em sua "lilácia" desde os tempos de colégio, em que perto da sala de aula, um imenso exemplar transformava o pátio em um tapete de um lilás quase azul.
   O ônibus encheu mais, eu continuei em pé, continuava calor. Mas agora tudo estava bem, porque eu vira um ipê roxo como há muito tempo não via, e com sua lembrança na cabeça, pude me desligar ainda mais da realidade, e de repente, quando me dei conta, o ônibus estava mais vazio, eu até mesmo encontrei um lugar para me acomodar melhor, ainda que continuasse em pé. O Sol já baixava e não mais me incomodava, uma brisa leve soprava anunciando a vontade do dia anoitecer.
   Já depois do jantar, indo sozinha para a aula, não pude deixar de pensar no ipê, e sorri. A aula de Analítica era o pesadelo da semana, de me fazer chegar em casa quase uma hora da manhã. Mas estava tudo bem, porque eu vira um ipê roxo que me lembrou como eu já fora tão feliz e como podia continuar sendo...
Hoje cheguei da aula de Analítica antes das 11. 


21 anos de solidão

Postado em 30 de Agosto de 2010



Sábado retrasado foi meu aniversário. 21 anos. E como já tem virado rotina, em sua hora exata, eu estava sozinha. Tem sido assim desde que me lembro. Passo o dia sendo festejada, as pessoas chegam 5 minutos depois, mas às 13 horas do dia 21/08 é sempre assim: eu sozinha. Talvez o único dia em que isso não tenha sido verdade tenha sido mesmo 21/08/1989, a chuvosa segunda-feira em que respirei o ar desse "admirável mundo novo" pela primeira vez.
Não sei o que isso quer dizer, acho que nem mesmo tenho esperanças de que queira dizer alguma coisa, mas eu, com esse jeito estranho de observar tudo ao meu redor, não posso deixar de achar curioso. Sinto curiosidade também em saber como seria passá-lo com alguém, mas ao mesmo tempo, e de algum modo que nem eu mesma entendo, torço para que isso não aconteça. Sem querer entrar em méritos religiosos, acredito que exista uma força superior que guia nossas vidas e que essa força faz com que eu sempre esteja sozinha em meus aniversários porque, apesar de gostar muito dessa data, é fato que uma semana antes dela, já começo a sentir uma melancolia interior que só passa depois das 13 horas do dia 21. No fundo, no fundo, fazer aniversário me causa certa apreensão, algo muito parecido com o que sinto minutos antes da virada de um ano para outro. 
Preciso estar sozinha nos primeiros minutos da minha nova idade, como todos estivemos relativamente nos primeiros minutos de nossas vidas, para que eu posso assimilar e ordenar tudo que me passa pela cabeça nesse momento, para que eu possa sobreviver a mais um ciclo de mudanças que se inicia. Porque das 12:59 para as 13:01 do mesmo dia, não muda nada, mas em um ano, muitas transformações acontecem, e isso, mais a ânsia pelo futuro são as coisas que me passam pela cabeça às 13h do dia 21/08. Um futuro de horas exatas de aniversário solitárias, mas, como também tem sido rotina, apenas elas.



Horário de Verão

Postado em 21 de Fevereiro de 2010





  O horário de verão sempre chamou muito minha atenção. Na verdade, não ele em si, mas seu início e seu fim. Quando criança, me sentia ludibriada com aquela uma hora que simplesmente desaparecia da noite de sábado e que fazia 23h59 virar direto 01h00. Lembro que inventava teorias e me perguntava onde estaria aquela hora roubada de mim, em que fenda do espaço-tempo teria ido parar. Um dia não, aguentando mais a curiosidade, perguntei à minha mãe qual poderia ser o paradeiro daquela hora raptada e ela fez todas as minhas teorias caírem por terra quando disse que a tal hora ia parar no fim do horário de verão, o dia em que depois das 23h59, vem novamente as 23h00, para somente da segunda 23h59, vir a meia noite. Fiquei estarrecida. O mistério de toda uma vida (ainda que isso representasse, NO MÁXIMO, 5 anos) fora revelado sem nenhuma cerimônia.
  Foi a coisa mais genial e mais incrivelmente óbvia que ouvi naquele dia. Genial, porque era a solução do meu GRANDE mistério. Óbvia acho que nem preciso dizer porque. Ainda assim, por algum estranho motivo, eu gostava mais das minhas teorias da hora perdida no espaço-tempo e meses mais tarde, da nova hora inserida. Porque pra mim, não eram a mesma hora. Na hora perdida, poderiam ter acontecido muitas coisas que, na hora devolvida meses depois, não ocorreriam devido às circunstâncias, à ausência de algumas pessoas, ao tempo passado. A hora do início não é igual à hora do fim, porque um minuto não é igual ao outro, porque ainda não temos como viajar no tempo, porque o tempo passa e, inevitavelmente, passamos com ele. Porque se fosse assim, talvez a vida fizesse ainda menos sentido do que faz.
  O horário de verão sempre chamou muito a minha atenção. Mas mais do que ele, o tempo. Já notou como tem passado cada dia mais rápido?
Postado em 18 de Fevereiro de 2010





Obrigada. Obrigada a todos aqueles que participaram da minha conquista. Obrigada aos que, de algum modo, entraram junto comigo na USP, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, FCF, conhecida carinhosamente como FARMA-USP. Obrigada aos que já faziam parte da minha vida antes desse ano tão duro que foi 2009 e que continuaram, ainda que alguns somente por telefone. Obrigada aos meus padrinhos, que torceram de longe e com quem pude brindar nesse feriado. Obrigada aos meus pais, que aguentaram meus piores momentos, os pitís de nervoso, algumas noites de choro, quase todos os sábados de ausência, trancada no quarto na companhia dos livros, os mau-humores que não me deixavam ser boa companhia nem para mim mesma. Obrigada aos meus amigos do colégio, que apesar de querendo pular no meu pescoço pela ausência em praticamente TODAS as festas, não deixaram de falar comigo e torcer por esse resultado. Obrigada a todos ao meu redor que torceram de seus lugares, avós, tias e tios, primos e primas, amigos dos pais, que desviaram sua atenção para torcer com o argumento de que eu merecia. Obrigada por merecer também a torcida de vocês.
   Obrigada aos que surgiram esse ano em minha vida, aos professores do Etapa por fazerem seu trabalho com dedicação, mas principalmente pelos que caminharam comigo durante o ano inteiro, dividindo a mesma sala de aula nas noites de 2009. Obrigada Tha, my british friend, pelas conversas e pelo apoio quando precisei.Alegre Obrigada Caio, pelas risadas, pela trilha sonora da aula, pelos intervalos de Trauma Center e Super Mario.=D Obrigada Fê e Leo, pelas horas mais divertidas desse ano, pela atitude sexy em toda e qualquer situação( pão francês included! xD). Obrigada Élida, também pelas risadas e por tantas coisas que eu aprendi observando você. Obrigada, Naty, pelo bom humor em praticamente qualquer situação. Obrigada, Marizinha, por ser a mascotinha da turma, fofa sempre! Obrigada, Ca, por ter sido a descoberta do ano, ainda que ela só tenha acontecido no meio do ano, obrigada pelas hooooras de conversa e pela grande amizade, obrigada por me ensinar tanta coisa, principalmente a não julgar as pessoas, por estar lá, sentada do meu lado, nos momentos em que eu quis sair correndo da sala, em que eu quis desistir, em que eu estava cansada demais pra enxergar esse momento. Obrigada por acreditar em mim e jogar isso na minha cara, quando eu tinha certeza de que seria obrigada a encarar mais um ano de cursinho. Obrigada a todos que estiveram lá e que eu não citei os nomes, tenham certeza de que não os fiz apenas por uma falha de memória, mesmo. Todos foram muito importantes, me ensinaram muitas pequenas coisas que levarei comigo.
   Obrigada, enfim, a todos que de algum modo participaram disso, que de algum modo contribuíram pra tornar esse ano de 2009 menos doloroso e tenebroso. Obrigada por terem me ajudado a levantar quando eu caí, me levarem para esfriar a cabeça quando ela já estava quente demais, por não me deixarem perder o foco, quando eu já estava cansada demais, por acreditarem mais do que eu mesma fui capaz, por entenderem se alguma vez me faltou a paciência e fui intolerante sem razão.
  Aproveito para agradecer a quem já está me dando motivos esse ano, os veteranos que já me acolheram tão bem na FARMA, os amigos que terei nessa nova fase da vida. Obrigada à veterana Cacs que me sugeriu a música do post. =)
  Por último, obrigada ao meu saudoso avô Milton Galvão, com o qual não tive a oportunidade de conviver, mas que me serviu de inspiração por todo o processo. Dedico essa vitória a ele e a todos que receberam esse agradecimento.

              Mãos à obra!

As flores de plástico não morrem

Postado em 13 de Fevereiro de 2010


"As flores de plástico não morrem." Não murcham, não ficam feias. Não precisam de água ou Sol, não sofrem com o calor ou o frio em excesso. Não se despetalam, não são atacadas por pragas, insetos, fungos, bactérias. Não exalam perfume, não se abrem mais ou menos de acordo com a claridade, não, estão sempre lá, estáticas, como foram feitas. Não atraem insetos, pássaros, não fornecem néctar a esses visitantes, por isso nem são visitadas. Não enfeitam jardins, bosques ou florestas. As flores de plástico não morrem porque nunca viveram.
Postado em 31 de Janeiro de 2010



  Primeiro post do ano, praticamente um mês após ele ter se iniciado, mas tudo bem, acontece nas melhores famílias. Começo meu ano bloguístico de uma maneira diferente da habitual aqui: com uma espécie de coluna jornalística, acerca de um evento acontecido aqui em São Paulo, a Campus Party. Me arrisco em um gênero diferente, o qual gosto de escrever, mas nunca achei muitas oportunidades para fazê-lo. Espero que gostem.
  De 25/01 a 31/01 de 2010 ocorreu, aqui em São Paulo, a Campus Party 2010, terceira edição do evento no Brasil que já virou sucesso no mundo. O evento reuniu geeks de todo o país e até de outros países, acampados no Centro de Convenções Imigrantes, para um dos maiores eventos de tecnologia da atualidade. A agenda da Campus Party contemplou diversas áreas do mundo cibernético, com palestras, debates e simulações nas áreas de Blogs, Música, Design, Vídeos, Robótica, Modding(modificação de computadores desde o gabinete do desktop até a capacidade dos computadores), Desenvolvimento, Software Livre e Games. Contou com uma área de exposições aberta ao público com entrada franca e ações como o Batismo Digital.
  Eu estive no evento em dois dias, 26/01, terça-feira, e 29/01, sexta-feira. Em minha primeira visita fui disposta a conhecer o evento, tanto a área Expo quanto a Arena, local onde aconteciam as palestras e onde os campuseiros ficavam conectados com seus computadores, acessando uma internet com velocidade de 10Gbps, aberta apenas aos participantes. Na segunda visita, fui afim de assistir palestras que me interessavam. E foi o dia mais agitado da Campus Party. O dia começou com um debate a respeito de blogs, celebridades e redes sociais, com as presenças de Pedro Neschling, Rosana Herrman, Lele, do blog Te Dou Um Dado? , Bia Granja e MariMoon. Em um momento tietagem mode on tirei uma foto com a MariMoon! O debate foi muito bom, apenas alguns probleminhas com a microfonia da palestra que ocorria ao lado, mas nada que pudesse estragar o dia.
  Após o debate, fui almoçar e andar pela Expo e lá pelas 15:30, entrando novamente na Arena, me deparo com Marina Silva caminhando entre os campuseiros. A senadora participou de uma "Desconferência" no BarCamp, onde falou do poder transformador da inclusão digital e ouvi rumores a respeito de também ter participado do Batismo Digital. Muito simples e democrática, a senadora e possível candidata à presidência da república fez uma passagem bem ao estilo dela na Campus Party: preocupada com o social e com sua participação nesse contexto.
  No mesmo dia, estava confirmada a presença da ministra-chefe da Casa Civil e também possível candidata à presidência da república, Dilma Roussef, com uma coletiva de imprensa marcada para as 18 horas. A ministra chegou ao centro de convenções por volta das 18:30 e circulou um pouco pela Arena, um pouco limitada pela aglomeração de jornalistas que se formou em volta dela. Enquanto isso, já na área reservada para a entrevista coletiva, a ação de um campuseiro chamou a atenção e deu muito o que falar. O campuseiro protestava com seu notebook na mão, exibindo um cartaz virtual, como mostra a foto abaixo:

Tentativas de tirar o campuseiro, ou ao menos seu protesto, do local da coletiva foram vãs, e ele ficou lá, ostentando seu cartaz virtual, até o final da entrevista, quando eu pude tirar a foto acima. No meio da coletiva, outros campuseiros juntaram-se a ele em protesto, um contra a imprensa, que não teria oferecido a mesma cobertura à Marina Silva e outro acusando a ministra de estar fazendo propaganda eleitoral. As fotos seguem abaixo, assim, como as três partes da entrevista da ministra. O crédito das imagens e dos vídeos vai para mim mesma. \o/







Após um dia agitado como esse na Campus Party, trouxe comigo se não a certeza, a esperança bem fundamentada de que a juventude privilegiada desse país, a qual eu também faço parte, não está por dentro apenas das inovações tecnológicas, mas do compromisso e poder que tem nas mãos para fazer desse um país melhor.
  Que 2010 seja repleto de ações transformadoras em todos os lugares.
"O futuro pertence àqueles que acreditam em seus sonhos"
Eleanor Roosevelt


O Meu Amor

Postado em 02 de Outubro de 2009

   Amo de um amar estranho e maravilhoso, um amar expansivo que me preenche e me transborda, um amar capaz de abraçar o mundo. Às vezes me dá a impressão de que todos os sentimentos dentro de mim são amor. A raiva mais incontida, a tristeza mais sentida, são o amor a coisas que eram e já não são.
   Amo pura e simplesmente por amar, de um amar sem explicação, amar pela felicidade de amar. Amo o amor sem-razões de Drummond, completo e perfeito em si mesmo. Amo o amor louco e trágico de Shakespeare, o amor boêmio e infinito de Vinícius, e dele também o amar sereno e repousante.
  Amo qualquer coisa que possa ser amada, amo o Sol que entra pela minha janela de vitrais coloridos e me desperta no sábado de manhã. Amo o reencontro com os amigos da infância e a sensação de que, ainda que adultos, juntos somos eternamente crianças. Amo a vontade alucinante de sair cantando na chuva com o guarda-chuva vermelho de Mary Poppins, em uma sexta-feira à noite, de volta pra casa. Amo o sabor generoso de uma manga suculenta em um final de tarde. Amo a bochecha vermelha de um final-de-semana de Sol. Amo a certeza de que, mesmo que eu pense que já amo tudo que se há para amar, sempre haverá mais alguma coisa, algum novo amor.
  Amo a juventude que ainda me faz esperar o melhor, ou pelo menos o justo, de todas as coisas, ainda que de vez em quando eu me decepcione e brigue com ela. Amo a sensação de que meu coração bate tanto que morrerei de amor. Amo a vida. Amo o amor.

A Insustentável Leveza do Ser

Postado em 25 de Setembro de 2009






   Viver é insustentável. Mais ou menos, sempre o será.
Postado em 11 de Setembro de 2009



Estou de frente para o espelho.
- Ná, essa é você, idade maior do que a cara mostra, consciência maior do que se pode ver.
- Muito prazer, desde quando estou aqui?
- Sempre esteve. Só não enxergou. Quando pequena, era confuso demais para você entender, mas ainda assim se manifestava, o gosto inexplicável pelas estrelas do céu, a mudez frente ao
brilho do mar, a atração incontestável pela ciência.
- "Um dia eu serei cientista..."
- Você ainda lembra?
- Claro que sim, sou eu! É o que de fato eu serei...
- Sim...porque sempre esteve aí...gosta do que vê?
- Muito. E a cada minuto mais...quem mais pode me ver assim?
- Todos aqueles que você permitir. Preocupe-se apenas com você se enxergar assim e todos ao seu redor também o enxergarão.
- E se alguém não gostar?
- Faça o possível para ser agradável, mas sem deixar de ser quem você é. Aliás, é mais fácil alguém não gostar de você agindo como não é do que como é.
- Certo...obrigada.
- Mais alguma pergunta?
- Não, só isso.
- Então, bem-vinda a quem você é!
Nunca fui tão eu mesma. Ou pelo menos nunca me senti tão eu mesma como agora...

She's got eyes of the bluest skies
As if they thought of rain
I hate to look into those eyes
And see an ounce of pain...
Postado em 10 de Setembro de 2009



- Eu queria viver tudo que imagino.
- Cuidado com o que você deseja...
- Mas aí que está, eu não sei o que desejo!
- Por isso mesmo...
- Eu queria ser a menina rica e bem-educada do início do século XX, enamorada de um inglês e amiga de Sherlock Holmes, a italianinha de 16 anos grávida de seu primeiro e único amor,
a jornalista inglesa amada por seu editor-chefe, a moça abandonada em um trem no Velho Mundo. Sei que sou todas, de alguma forma e ao mesmo tempo, menina, mulher, culpada,
inocente, mas queria viver de verdade, sentir o sabor de uma grande surpresa real, não lida em frias linhas...talvez eu aponte para uma 'Insustentável Leveza do Ser', onde ser, viver,
é o único desejo, acima de qualquer um que um dia possa surgir. E quem sabe o final não seja o mesmo, trágico, no ápice da felicidade. Confesso que, antes assim, que no momento em
que a vida seja reduzida a apagadas e arrependidas lembranças, tão desbotadas que nem mereçam ser chamadas de lembranças...
Agora eu já sei o que é sangrar para me sentir viva...

Medo

Postado em 04 de Setembro de 2009



      Eu tenho medo do medo extremo. O medo que acovarda, desculpa para não fazermos algo importante para nós, que nos afasta de quem amamos e do que queremos, o medo que não nos deixa dormir à noite, mais pela incerteza do que poderia ser se não tivéssemos esse medo, do que propriamente pelo medo.
      Tenho medo do medo que não nos deixa viver. O medo que nos impõe uma vida falsa, repleta de uma alegria falsa, que sufoca. Tenho medo do medo de ser feliz. Tenho medo do medo de amar sem reservas, medo do medo de me conhecer por inteira, medo de sentir medo de encarar minha face no espelho. Tenho medo desses medos porque não os tenho, mas sei que ao me redor, muita gente sim.

Passados 20 anos

Postado em 28 de Agosto de 2009



 Passados 20 anos, aprendi mais coisas do que imaginei que aprenderia, ao passo que não sei nada, comparado ao que se há pra saber nesse mundo. Vi coisas que não queria ter visto e outras que muito ansiei, coisas boas e ruins, alegres e tristes, e coisas que simplesmente não se encaixam nessa dicotomia.
Já no meu primeiro dia, aquele mesmo frio e chuvoso 21 de agosto de 1989, vi morrer a eterna e brilhante metamorfose ambulante, Raul Seixas, ainda que eu só tomasse conhecimento disso tempos depois. Após alguns meses, vi cair o Muro de Berlim, mesmo que fosse demorar muito tempo para compreender o que isso significava. Vi a URSS ruir, a Guerra da Golfo começar, vi planetas e como é bonito o Sistema Solar nos livros comprados por meu pai quando eu ainda morava na barriga de minha mãe, e que ele jurava que despertariam meu interesse. Estão guardados comigo até hoje, e ainda não consigo explicar com palavras o magnetismo que pode me prender por horas olhando para o céu noturno. Vi o Plano Real ser implantado, o Brasil ser tetracampeão e lembro como se houvesse sido ontem do Dunga levantando a taça.
Lembro-me dos inúmeros cartões de aniversário com que presenteava minha mãe, todo ano com o mesmo padrão, um bolo que ganhava mais um andar a medida que aumentava a idade. Lembro-me de meu pai contando histórias da Turma da Mônica para eu dormir e dele mesmo pegando no sono antes de mim, lembro de nossas manhãs de domingo a bordo dos patins de botinha branca e, mais tarde, os poderosos inline. Lembro dos domingos de Páscoa em que acordava às sete da manhã, ansiosa por receber meu ovo, já tão procurado pela casa toda durante a semana e, não havendo ninguém acordado, cochilava no sofá, até alguém aparecer. Lembro-me da Guerra do Kosovo, assombrosos clarões cortando a noite na TV que cobria o conflito. Lembro que, mesmo sem entender, chorei. Chorei pelos mortos, pelas crianças que não tiveram a oportunidade de chegar à idade que tenho hoje, e por aquelas que cedo perderam a família e de certa forma, a razão de viver. Chorei pela situação devastadora que a guerra causa. Se naquela época eu não entendia, hoje, sabendo de muito mais coisas, entendo menos ainda.
Passados 20 anos, aprendi porque o céu é azul, porque nós falamos português, porque caem as folhas das árvores, porque ainda não é possível viajar no tempo. Apesar disso, ainda não entendi porque alguns acham normal matar pessoas por interesses, porque devo me acostumar com a mentira, se aprendi que ela é errada, porque ser ético tem sido motivo de chacota ultimamente em alguns lugares. Ainda não entendi porque devo achar normal crianças não estudarem e serem expostas à violência, às vezes dentro de suas próprias casas, porque devo achar correta a inversão de valores que venho enxergando nesses 20 anos. Não entendi a diferença em ter a pele clara ou escura.
Aprendi a sonhar quando nem tudo está as mil maravilhas, a parar nem que seja cinco minutos para não pensar em nada, aprendi que descobrir o mundo pode ser mais fácil do que se imagina, se os livros são seus amigos. Aprendi que a morte é dolorosa pra quem vai e pra quem fica, que o destino já está traçado, mas muda todo dia. Aprendi que a melhor terapia é um amigo e seu ouvido prestativo, o melhor antidepressivo depois do chocolate é o travesseiro, que mesmo ensopado de lágrimas, jamais abandona sua função. Aprendi que palavras podem ferir mais que punhais, mas que também são capazes de curar muitas dores. Aprendi que se pode magoar alguém com uma simples mensagem de texto.
Aprendi que um olhar é capaz de dizer tanta coisa, que fica praticamente impossível explicitar em palavras, que é possível amar e odiar ao mesmo tempo, pois se tratam de sentimentos irmãos. Aprendi que viver não tem definição, não se explica nem se ensina, só vivendo pra saber. E que em 20 anos, ainda que pareça pouco, há tantas coisas para se saber, viver, sonhar, aprender, quanto as estrelas do universo...
Que venham outros tantos 20's...
Postado em 03 de Abril de 2009



  Caiu e quebrou. Escorregou e caiu. E quebrou. Quebrou uma parte de mim. Quebrou o perfume. Sobrou um pouquinho, mas um pouquinho não é tudo. Mesmo não estando cheio, era mais do que o pouquinho que restou. E é sempre assim, você se acostuma com ele e quando vai comprar de novo, não encontra. Escolhe outro, acaba se acostumando e até gostando da fragrância. Mas não quando quebra. Porque quando quebra, você não esperava, quebra no auge do seu apego e identificação. Quebra no auge das lembranças. "Eu estava usando esse perfume quando tal coisa aconteceu, só de sentir o cheiro me lembro". Quebra do nada. E se espalha. E é como se eu estivesse esparramada pela casa, pela escada, pelo chão, pelo ar...é como se de repente uma porção de mim tivesse sumido, volatilizado, e continuasse espalhada por aí.
  Quebrou. Mas eu preferia ter ficado confinadinha no vidro, perfumando a mim mesma, construindo novas lembranças, que no dia em que eu acabasse, me trariam saudades felizes.

Purgatório

Postado em 27 de Janeiro de 2009



  Como é estar no purgatório? Sendo algo entre o céu e o inferno, tem que ter coisas dos dois e em equilíbrio. Mas quem consegue ficar equilibrado em um lugar como esse? Não é inferno porque você ainda não foi condenado a nada, mas também não é céu, pois tampouco foi absolvido. É como me sinto. Acho até que é como todos os vestibulandos como eu, esperando o resultado de suas provas, se sentem. A espera é o purgatório. O inferno, não entrar na faculdade, a condenação, passar por mais um ano de cursinho. O céu, entrar na faculdade, a absolvição..., bem, eu preciso mesmo dizer que a absolvição é acordar todo dia pelo menos pelos próximos seis meses com um sorriso na cara e pensando "eu consegui"?
  Estar no purgatório é dificil. É não parar de pensar em como é o céu e o inferno, e se perguntar até o último instante para qual se vai. É não pensar em quase nada além disso, é quase enlouquecer em silêncio, por saber que nada mais pode ser feito além do que já foi, que tudo que resta é esperar. E esperar é o mais dificil.
  Não sei como é o inferno astral, mas o purgatório, esse eu conheço...
                                                                                                                                          Falta 2 dias

À luz de velas

Postado em 26 de Janeiro de 2009



  Hoje à tarde acabou a luz aqui em casa. Um computador com a bateria carregada e um projeto nele começado teriam salvado a tarde se eu não tivesse cochilado naquela escuridão nebulosa tão típica das tardes chuvosas, como de fato foi a de hoje. Enfim, salvou a da minha mãe, já é alguma coisa.
  Depois de acordar, fiquei pensando. Como é difícil hoje em dia ficar sem uma coisa tão "banal" como energia elétrica. TV, internet, telefone, tudo inutilizado pela falta dela. Fiquei tentando imaginar como era antigamente, quando não havia nada disso. Candelabros e lampiões eram constantes e as atividades, ler, bordar e jogar conversa fora. Fiquei tentando imaginar como é até hoje em alguns lugares, em que, o quase indispensável para nós, é quase que compulsoriamente dispensável para outros.
  A luz voltou. Apagando as velas que quase serviram como fonte de iluminação para o meu jantar, rio pensando como tantos sofrem por não terem o recurso que temos, enquanto fazemos jantares românticos à luz de velas...

Errando na terra do incerto

Postado em 16 de Janeiro de 2009



 Tenho notado uma tendência contraditória ultimamente. As pessoas me criticam por fazer a coisa certa. Estranho, né? Pois é, eu também acho. Tenho a impressão de que ser "bom moço" não vem fazendo muito sucesso ultimamente...mas...não se trata de ser bom moço ou não, se trata de fazer o que é certo! Claro que não sou santa - e ainda bem, porque santos de maneira geral não são pessoas vivas e eu estou bem como estou - mas tenho certos princípios bem definidos e procuro viver por eles. " Mas, N..., é a sua vida, seu jogo, você tem direito de mudar as regras a hora que quiser", alguns me falam. Hum, não. É mesmo muito difícil viver por princípios, ainda mais quando alguns deles são rígidos. Muito mais quando somente uma ou duas pessoas apoiam sua escolha. E mais ainda quando você tem uma vontade quase incontrolável de se desviar um pouco desses princípios. Mas vontade dá e passa. E se for algo que realmente tenha que acontecer, acontecerá de um jeito que não precise ferir os princípios.
  Princípios, princípios. "Que quadrada essa aí", você deve estar pensando. E eu digo que não. E eu digo, com as palavras de Raul, que "prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Sim, sou uma metamorfose ambulante, de consciência metamórfica, e não caráter. É aí que mora a diferença.
Postado em 08 de Janeiro de 2009



  Talvez eu não te mereça. Talvez você não me mereça. Talvez não nos mereçamos mutuamente. Ou talvez, por nos merecermos demais, não nos seja permitido saber. Já imaginou? Que ridículo, não? Não. Não quando motivos como os nossos tornam esse merecimento possível.
  Somos chatos, nós dois, não conteste! E convencidos, pelo que pude notar. Ok, talvez eu seja um pouco mais do que você, mas não vem ao caso. Somos medrosos e não tente esconder, meu bem, sei muito bem que o que te falta é coragem. (Essa é a hora em que você diz, "E a você não falta, né?" e eu respondo, " E eu disse que não?") Somos inconstantes, mas só um pouco. Se fossemos muito, não nos mereceríamos, ou só de vez em quando, o que não conta. Merecer alguém de vez em quando não faz sentido e não tem futuro. O que às vezes não faz a menor diferença, já que nos merecemos de verdade e ainda assim não temos futuro. Ou será que temos?
  Tenho a impressão de estar entrando em contradição...talvez porque esteja falando com a convicção de que nos merecemos. Mas é verdade, pode acreditar. Enquanto formos do jeito que somos, nos mereceremos por muito tempo...

Casinhas

Postado em 04 de Janeiro de 2009


Uma crônica escrita há algum tempo já...



  Mal passava das duas da manhã no vacilante relógio de pulso.
  "Já devia ter amanhecido"- resmungava minha consciência entediada e impaciente.
  Olhava pela janela a escuridão que se descortinava inalterada pela passagem do trem silencioso. E essa escuridão, um espelho de quem no trem, ansiava pelo amanhecer. Mas o trem apenas cruzava essa noite, que a cada milha só parecia mais noite, longe de seu destino final. Era em algum lugar do Velho Mundo, onde os campos e as casinhas trazem a melancolia de um tempo que não vivi, mas que remetem a outros que jamais esqueci. Naquele momento, não as podia ver, engolidas pelo breu que se encontravam, mas a melancolia era a mesma e me remetia à visão recente que tivera delas.
  Era o mesmo trem, uma tarde chuvosa e fria, mas que a mim não atingia, no vagão aconchegante. A direção era contrária, naquela tarde eu ia, não voltava. E o último detalhe, mas não menos importante, naquela tarde estava acompanhada.
  Ele era fascinante, bem semelhante a mim, os mesmos gostos, quase como se fossemos a mesma alma partida em dois. Cappuccinos nos esquentavam o corpo, até nisso éramos parecidos. A presença um do outro nos esquentava a alma. Conversávamos, os mais variados assuntos, todos eles, porém, estranhamente ligados ao torpor melancólico que exalavam as tais casinhas, único fator externo que nos afetava no momento. Naquela tarde, eram seus olhos que serviam como espelhos da minha alma e pensei serem os meus também espelhos da sua, mas em vão. Por trás daquele olhar havia bem mais do que eu pensava enxergar. Era um ser inquieto, um cidadão do mundo, que a ninguém podia pertencer, nem mesmo a mim. E descobri isso da pior maneira.
  Era uma manhãzinha preguiçosa, os raios de Sol alegravam os passarinhos que passavam cantando na minha janela. E eu estava só. Talvez ele fosse como um daqueles passarinhos, que se achava feliz em voar, solto por aí, com a liberdade e o vento nos cabelos.
  "Quem sabe não nos encontramos um dia...", eram as palavras grafadas no bilhete apressado sobre a mesa.
  Sim, quem sabe um dia, e o que me resta, somente esperar, nada além disso está ao meu alcance. Apenas esperar, ansiar em vê-lo novamente e em ver a manhã despertar.
                                                                                                                                                                                                                   por Natascha S. Galvão




Chove lá fora

Texto postado em 02 de janeiro de 2009




   Primeira chuva do ano, água cadente. Há quem considere um mau-agouro, "lágrimas do céu pelos tempos difíceis que estão por vir". Visão romântica, byroniana, de uma natureza tão morta quanto os sonhos aplacados pelo medo.



   Há quem considere bom agouro, "chuva em acontecimentos importantes é sinal de sorte, felicidade", ou não. Visão supersticiosa, chuva como purificadora do mal e de tudo indesejado.
   Que importa? A mesma chuva que leva vidas e sonhos violentamente, é a que rega o jardim abandonado ou não, que molha os cabelos do executivo e do mendigo, que se confunde com as lágrimas da noiva e da viúva. Não é a chuva. São as pessoas. São as circunstâncias em que estão as pessoas. São as circunstâncias em que estão os sonhos das pessoas. É a vida das pessoas. E a chuva continua...
                                                                                                                                                                                                                           Feliz 2009!