segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Horário de Verão

Postado em 21 de Fevereiro de 2010





  O horário de verão sempre chamou muito minha atenção. Na verdade, não ele em si, mas seu início e seu fim. Quando criança, me sentia ludibriada com aquela uma hora que simplesmente desaparecia da noite de sábado e que fazia 23h59 virar direto 01h00. Lembro que inventava teorias e me perguntava onde estaria aquela hora roubada de mim, em que fenda do espaço-tempo teria ido parar. Um dia não, aguentando mais a curiosidade, perguntei à minha mãe qual poderia ser o paradeiro daquela hora raptada e ela fez todas as minhas teorias caírem por terra quando disse que a tal hora ia parar no fim do horário de verão, o dia em que depois das 23h59, vem novamente as 23h00, para somente da segunda 23h59, vir a meia noite. Fiquei estarrecida. O mistério de toda uma vida (ainda que isso representasse, NO MÁXIMO, 5 anos) fora revelado sem nenhuma cerimônia.
  Foi a coisa mais genial e mais incrivelmente óbvia que ouvi naquele dia. Genial, porque era a solução do meu GRANDE mistério. Óbvia acho que nem preciso dizer porque. Ainda assim, por algum estranho motivo, eu gostava mais das minhas teorias da hora perdida no espaço-tempo e meses mais tarde, da nova hora inserida. Porque pra mim, não eram a mesma hora. Na hora perdida, poderiam ter acontecido muitas coisas que, na hora devolvida meses depois, não ocorreriam devido às circunstâncias, à ausência de algumas pessoas, ao tempo passado. A hora do início não é igual à hora do fim, porque um minuto não é igual ao outro, porque ainda não temos como viajar no tempo, porque o tempo passa e, inevitavelmente, passamos com ele. Porque se fosse assim, talvez a vida fizesse ainda menos sentido do que faz.
  O horário de verão sempre chamou muito a minha atenção. Mas mais do que ele, o tempo. Já notou como tem passado cada dia mais rápido?

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