segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Postado em 03 de Abril de 2009



  Caiu e quebrou. Escorregou e caiu. E quebrou. Quebrou uma parte de mim. Quebrou o perfume. Sobrou um pouquinho, mas um pouquinho não é tudo. Mesmo não estando cheio, era mais do que o pouquinho que restou. E é sempre assim, você se acostuma com ele e quando vai comprar de novo, não encontra. Escolhe outro, acaba se acostumando e até gostando da fragrância. Mas não quando quebra. Porque quando quebra, você não esperava, quebra no auge do seu apego e identificação. Quebra no auge das lembranças. "Eu estava usando esse perfume quando tal coisa aconteceu, só de sentir o cheiro me lembro". Quebra do nada. E se espalha. E é como se eu estivesse esparramada pela casa, pela escada, pelo chão, pelo ar...é como se de repente uma porção de mim tivesse sumido, volatilizado, e continuasse espalhada por aí.
  Quebrou. Mas eu preferia ter ficado confinadinha no vidro, perfumando a mim mesma, construindo novas lembranças, que no dia em que eu acabasse, me trariam saudades felizes.

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